Sunday, July 23, 2006

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Num momento de chegada a casa, depois de um Academia de Verão 5 estrelas, com pessoas espectaculares, e me preparo novamente para sair, apercebi-me do quão atrasado estava o meu blog. Por isso aqui vai uma imagem do meu querido gatinho, o Verdi.
P.S.: Estou com muitas saudades de todos os meus amigos.
Até mais ver!
Catarina

Friday, June 09, 2006

No regresso...

No fim da pena, ao regressar à sociedade, tinha à minha espera um batalhão de jornalistas.
Entre as inúmeras perguntas que me fizeram, escolhi estas três…

Que adjectivo escolheria para exprimir o seu estado de espírito neste momento?
Aliviada.

Quais os aspectos positivos desta fase da sua vida?
Ao viver sozinha, ao arranjar a minha própria comida, ao longo destes dez anos, senti-me orgulhosa e realizada. Fui capaz de sobreviver apenas com alguns objectos, de me aperceber das adversidades do muno natural e, acima de tudo, de conseguir distinguir os verdadeiros problemas que nos envolvem, todos os males que a nossa sociedade acarreta. Na minha opinião, todas as pessoas deveriam passar um tempo sozinhas numa ilha, para que esta sociedade se tornasse amiga e generosa, repleta de pessoas que conhecem o verdadeiro valor da família e dos amigos.

E os negativos?
Durante este período, passei por alguns maus bocados. Penso que o pior de estar sozinha numa ilha deserta é, precisamente, a falta de contacto com outras pessoas, bem como as saudades daqueles que mais amamos. Ao fim da tarde, ao ver o pôr-do-sol, sentia-me nostálgica, carecendo de um abraço amigo, de alguém que me dissesse o quão bem me saí ao construir aquele abrigo ou a arranjar aquele peixe.

Catarina Pinho nº4 – 10º C2

Friday, June 02, 2006

Há cinco anos na ilha...

Hoje, deu à costa uma garrafa rolhada com uma caneta e uma folha em branco. Na ânsia acumulada durante cinco anos sozinha, passei o dia tentando encontrar a melhor mensagem para escrever no papel. Após várias tentativas, e já um pouco frustrada, decidi ser simples e sincera.

***

A quem encontrar esta mensagem,
Encontro-me numa ilha deserta há já cinco anos e alguns meses. Já metade da minha sentença foi cumprida. Uma sentença devida à minha convicção e luta pelo direito de expressão.
Neste momento, sinto-me já conformada com tal forma de vida de vida. Já habituada a viver sozinha, aprendi a sobreviver física e mentalmente. Sinto-me orgulhosa de poder transmitir este meu feito!
Caro amigo ou amiga, o meu maior desejo, neste momento, é que partilhes com o mundo a minha injustiça e tentes de descobrir para que serve o sistema de vigilância que encontrei. O que é toda esta fraude? Que mundo injusto é este em que vivemos?
Sinto-me aliviada por libertar tal angústia e esperançosa de que alguém receba esta mensagem.
Com a maior sinceridade,
Catarina Pinho

P.S. Se, por acaso, puderes, manda as minhas saudades aos meus amigos e familiares (não me lembro da morada).

Friday, May 26, 2006

8º dia na ilha

Hoje aconteceu uma coisa muito estranha.

Há já oito dias que estou nesta ilha. Tenho preparado alguns planos e técnicas para melhor conseguir racionar a comida, e desenhado alguns projectos para uma futura cabana. Os dias passam, sem grandes eventos, mas cheios de descobertas e novas emoções.

Tudo decorria dentro desta agradável normalidade, até à nublada manhã de hoje. Estava no meu, agora habitual, passeio matinal, quando tropeço e caio dolorosamente na húmida areia. Depois de recomposta, fui averiguar o que me tinha surpreendido de tal forma. Para grande surpresa minha, deparo-me com um cabo de alta tensão. O que estaria aquilo ali a fazer? Para que serviria?

Tentei tirá-lo de baixo da areia, seguir o seu “rasto”. Desta forma fui entrando cada vez mais para o interior da ilha, percorrendo caminhos ainda desconhecidos para mim. Cheguei, por fim, ao que parecia ser a origem do cabo. Fiquei estupefacta! Diante de mim encontrava-se um enorme e complexo sistema de vigilância. Televisões mostrando vários cantos da ilha, botões das mais variadíssimas formas e cores e tudo o mais que se possa imaginar. Para que serviria todo aquele sistema? Saberiam, os meus amigos e familiares, todos os passos que eu dava? Até que ponto isso invadiria a minha privacidade? E mais importante do que tudo: seria aquela ilha totalmente deserta?

E foi nesta confusão de sentimentos e dúvidas que regressei à minha pobre gruta, onde relaxei um pouco ao tocar, na guitarra, as músicas que cantava junto dos que amo.
Catarina Pinho nº4 - 10ºC2

Friday, May 19, 2006

1º dia na ilha

Acabei de chegar. Depois de observar este paraíso, começo finalmente a preocupar-me onde irei ficar, como me irei alimentar, pelo menos por hoje. Para melhor conhecer o local onde irei ficar durante estes dez anos, decido dar uma voltinha à ilha, memorizando possíveis locais para habitação e abundantes fontes de alimento.

À medida que vou avançando na ilha, apercebo-me dos seus vários esconderijos, dos passatempos que me irão entreter durante tanto tempo. Mas há algo que me entorpece os pensamentos: uma fome terrível, que vai consumindo todo o meu ser e que se aguenta com o fraco pequeno-almoço que tomei na prisão. Olho em meu redor e encontro uma árvore com frutos muito suculentos, de cores vivas e cheiros doces. Por sorte, é rasteirinha, e não tenho dificuldade nenhuma em tirar alguns! São deliciosos e dão para enganar a fome.

O dia vai passando, o sol vai baixando no horizonte, e o ar vai ficando mais frio e húmido. Onde vou dormir esta noite? – é a pergunta que não me sai da cabeça. Encontro uma pequena gruta, seca e com a palha que vi durante o percurso, faço uma boa e temporária caminha.

Vejo o bonito pôr-do-sol e alegro-me ao pensar que sobrevivi às primeiras horas. Mais reconfortado, acabo por adormecer, sonhando com aqueles que deixei para trás.

Friday, May 12, 2006

À chegada...

Com um leve estremecimento, a cápsula onde me encontro aterrou naquela que irá ser durante dez anos a minha casa. Olho à volta e vejo uma pequena porta que se abre.

Passo por ela e é num misto de prazer e nostalgia que me deparo com uma visão extraordinária. À minha frente encontra-se a mais bela ilha: frondosas palmeiras exibem o seu esplendor, contrastando com um extenso e branco areal, de uma areia tão fina, como sedas da Índia. Oiço, ali perto, o bonito chilrear de várias aves tropicais e o exótico cheiro da ilha envolve-me os sentidos.

É tal e qual como as ilhas que eu via nos filmes, paradisíaca, escondendo por trás da sua pura e delicada beleza, um incontável rol de perigos e armadilhas. Dou uns passos e apercebo-me da sua dimensão, um enorme pedaço de terra do qual irei conhecer cada milímetro.

No entanto, observo o mar e vejo-o misturar-se com o céu azul. Uma estranha claustrofobia invade o meu ser: é neste local de tão incerta e perdida localização que me encontro, é aqui que vou ficar, à distância de um mundo, onde o arco-íris acaba e o sol se esconde.

Friday, May 05, 2006

O que levar?

Dez anos na monotonia de uma ilha deserta, são um grande choque para alguém habituado a viver numa sociedade altamente avançada, em que tudo passa a correr. Como tal, a escolha de alguns objectos para levar é de extrema importância.

Em primeiro lugar, é necessário garantir a sobrevivência. Para essa função, levaria comigo um arco e flechas para poder caçar e pescar nessa selvagem e deserta ilha tropical. Não habituada a alimentos crus, pensei levar uma pederneira de sílex, mas apercebi-me da complexidade deste processo e de que, mais cedo ou mais tarde, esta acabaria por se desgastar. Vou então levar uma lupa, a forma mais simples e duradoura que encontrei para produzir fogo.

Outro objecto que me irá ser muito útil é o canivete suíço – de múltiplas funções irá, certamente, desenrascar-me de diversas e complicadas situações.

No entanto, e na minha opinião, o facto de estarmos sozinhos não impede que nos possamos divertir. Por este motivo, escolhi levar dois livros intemporais e, a meu ver, fantásticos: Intriga em Bagdade e uma banda de desenhada dos Zits. Para animar também o ambiente, vou levar a minha guitarra, com a qual poderei produzir a minha própria “música ambiente”.

Espero, com estes escassos objectos, aguentar-me sozinha durante toda a eternidade que são dez anos.