Hoje aconteceu uma coisa muito estranha.
Há já oito dias que estou nesta ilha. Tenho preparado alguns planos e técnicas para melhor conseguir racionar a comida, e desenhado alguns projectos para uma futura cabana. Os dias passam, sem grandes eventos, mas cheios de descobertas e novas emoções.
Tudo decorria dentro desta agradável normalidade, até à nublada manhã de hoje. Estava no meu, agora habitual, passeio matinal, quando tropeço e caio dolorosamente na húmida areia. Depois de recomposta, fui averiguar o que me tinha surpreendido de tal forma. Para grande surpresa minha, deparo-me com um cabo de alta tensão. O que estaria aquilo ali a fazer? Para que serviria?
Tentei tirá-lo de baixo da areia, seguir o seu “rasto”. Desta forma fui entrando cada vez mais para o interior da ilha, percorrendo caminhos ainda desconhecidos para mim. Cheguei, por fim, ao que parecia ser a origem do cabo. Fiquei estupefacta! Diante de mim encontrava-se um enorme e complexo sistema de vigilância. Televisões mostrando vários cantos da ilha, botões das mais variadíssimas formas e cores e tudo o mais que se possa imaginar. Para que serviria todo aquele sistema? Saberiam, os meus amigos e familiares, todos os passos que eu dava? Até que ponto isso invadiria a minha privacidade? E mais importante do que tudo: seria aquela ilha totalmente deserta?
E foi nesta confusão de sentimentos e dúvidas que regressei à minha pobre gruta, onde relaxei um pouco ao tocar, na guitarra, as músicas que cantava junto dos que amo.
Catarina Pinho nº4 - 10ºC2